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Mostrando postagens de agosto, 2007

APRESENTAÇÃO GRIFFE # 21

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Quem poderia imaginar que a revista Griffe, uma publicação local de Jundiaí, poderia crescer e chegar até a Inglaterra? Estamos lançando em Londres o livro Griffensaios , que representa muito bem a revista e todo o trabalho realizado por uma equipe de jornalistas e entusiastas que se preocupam em proporcionar reflexões, muito mais que simples informações aos seus leitores. O livro Griffensaios foi elaborado em comemoração aos três anos da revista, e abre maior perspectiva para nossos colaboradores, jornalistas e fotógrafos. O lançamento em Londres é relevante, pois torna o trabalho internacionalmente conhecido. Valoriza não só a todos os que produzem esta Griffe, como também a cultura nacional e local. Hoje podemos celebrar, após muito trabalho e algumas noites de sono perdidas. A receptividade em Londres está sendo a melhor possível. No melhor estilo brasileiro, recebida com muita festa. Aqui no Brasil, em Jundiaí, não foi diferente. A maioria dos colaboradores esteve reunida no lanç...

CRÔNICA DE UMA VIAGEM AO FIM DO MUNDO

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JUAN DROGUETT * No dia seis de junho tive a oportunidade de viajar para Finlândia, o destino era a cidade de Helsinki, o motivo: participar de um Congresso da Associação Internacional de Semiótica do Espaço ao qual tinha sido convidado por Pierre Pellegrino da Universidade de Genebra e Josep Muntañola da Universidade Politécnica da Catalunha. A conferência que levei preparada era “Semiotização – o sentido real do tempo e do espaço social contemporâneo”. Mal podia imaginar que iria falar para uma platéia de russos, poloneses, franceses, italianos e catalães sobre um tema de tamanha complexidade nas proximidades do Pólo Norte, em pleno verão, onde o fenômeno do sol da meia noite faz todo o sentido daquilo que queria abordar na minha palestra. Na saída, os problemas típicos ligados ao tráfego aéreo no Brasil me fizeram perder a conexão em Paris, onde tive que passar a noite em um Hotel na própria cidade, próximo ao aeroporto Charles de Gaulle que ostentava um sugestivo convite para os vis...

ESTAÇÃO SAUDADE

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Texto: ROSANA TELLES Fotos: VALÉRIA GONÇALVEZ & VERA GONÇALVES No ano em que se completa quase um século e meio de existência da ferrovia paulista, as fotógrafas Valéria Gonçalvez e Vera Gonçalves comemoraram a data se embrenhando na intimidade de quem um dia foi tido como o símbolo do progresso, o indultor do desenvolvimento: o trem. Os retratos são uma evocação saudosa dos tempos em que tudo era mais difícil. Às vezes era preciso viajar para outra cidade atrás de um atendimento médico. O mesmo valia para estudar e tirar um lazer. Como o que acontece ainda até os dias atuais na pequena cidade de Inúbia Paulista, que não tem cinema. Mas aqueles que viveram a era do trem, que ainda arranca suspiros de saudade, seja de antigo usuário ou operador de locomotiva, garantem: "... tempos difíceis aqueles, mas muito poéticos". O presente trabalho tem como objetivo prestar uma pequena colaboração de caráter informativo das alterações das paisagens e da vida daqueles que ajudaram, ...

UMA (INTERESSANTE) ALTERNATIVA AOS JORNAIS*

FLAVIO F. A. ANDRADE O Brasil está cheio de veículos alternativos que não cobrem todo o território nacional por não disporem de investimentos em impressão e distribuição. No entanto, esses veículos tímidos promovem, nas cidades e regiões que atuam, uma contribuição admirável para a verdadeira função do jornalismo: a de intérprete [Precision Journalism: A Reporter's Introduction to Social Science Methods, de Philip Meyer, 1973] da sociedade. Poderia citar vários veículos, alternativos, sim, porém influentes, que deixam muitas revistas com abrangência nacional e internacional com vergonha do próprio histórico. Ganhar dinheiro é indispensável, mas quando apenas esta filosofia é praticada, rever o conceito da profissão é preciso e urgente. Podemos até aceitar este método, mas chamá-lo de jornalismo é algo indevido. Em tempos de transição, qualquer debate é pertinente. O compromisso, no caso das revistas comerciais – explosão cada vez maior em qualquer município do Bra...

PLÍNIO RUAS: UM OLHAR PARA O FUTURO

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A dinâmica dos dedos em cordas numa sonoridade que estava faltando na nossa música. Plínio Ruas está prestes a brilhar no cenário musical brasileiro O músico e compositor em entrevista à Griffe fala do passado, presente e futuro, que sem objeção ele prefere. “Futuro! Me projeto sempre pra frente, nunca penso no que foi feito dias atrás. O passado encaro como uma escola. Aprendi muito e coloco em prática no presente pra que o futuro seja mais produtivo”. É o que Plínio Ruas vem fazendo há tempos: produzir, criar e difundir suas próprias canções. Como um cozinheiro perfeccionista, sempre procurando uma mistura diferente, Plínio tempera o som com letras inteligentes, falando de relacionamentos e brincando com sentimentos abstratos e personagens reais do nosso cotidiano. Sua receita é: “Uma letra bem bacana, sem muitas palavras incoerentes, simples e objetiva. Muito sentimento e um refrão bem marcante”. Hoje Plínio Ruas desfruta do crescimento pessoal e profissional que tanto almejava. Pra...

É preciso ver de novo

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MARCELA MORO* “É preciso ver o que não foi visto, ver outra vez o que se viu já, ver na primavera o que se vira no verão, ver de dia o que se viu de noite, com sol onde primeiramente a chuva caía, ver a seara verde, o fruto maduro, a pedra que mudou de lugar, a sombra que aqui não estava. É preciso voltar aos passos que foram dados, para os repetir. E para traçar caminhos novos ao lado deles.” José Saramago Viagem a Portugal José Saramago nos convida a ver de novo, a ver por outras óticas, a aguçar a visão para ver aquilo que sempre esteve ali, mas que, muitas vezes, não mais vemos. Todos os dias pelos mesmos trajetos, as mesmas ruas, “as mesmas praças, as mesmas flores, os mesmos jardins” já cantava a velha música. Desaprendemos a ver e com isso, deixamos de olhar. Desaprendemos aquele olhar que vê a beleza, ou simplesmente, não mais vemos e assim, não mais olhamos. Mas José Saramago nos convida a ver de novo. Ver de novo? Olhar de novo? Sim, olhar com olhos mais abertos, para ver! Ol...

A SAÚDE EM ESTADO DE SÍTIO

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ÉZORA HELENA SILVA MOREIRA* De acordo com Abraham Flexner, famoso norte-americano que reformulou o ensino médico há quase 100 anos, praticar medicina significa “dominar certas porções de uma série de ciências, dispostas e organizadas com um propósito prático e distinto em vista”. É isso que faz dela uma profissão, já que o leigo, por definição, não visa a esse propósito e precisa de treinamento especial, a medicina como tal é necessariamente um monopólio. Nas sociedades modernas este monopólio é legalizado por uma licença de exercício. Os profissionais justificam tal monopólio dizendo que ele é essencial para a segurança do público, mas entre monopólio e conspiração a linha limítrofe é realmente bem difícil de estabelecer... e muito fácil de ultrapassar. Os médicos antes adorados como bons samaritanos oniscientes, agora são vistos como exploradores, gente de competência freqüentemente duvidosa que encobre erros homicidas de outros colegas. Relações melhores entre leigos e profissionais...

A SAÚDE EM ESTADO DE SÍTIO

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ÉZORA HELENA SILVA MOREIRA* De acordo com Abraham Flexner, famoso norte-americano que reformulou o ensino médico há quase 100 anos, praticar medicina significa “dominar certas porções de uma série de ciências, dispostas e organizadas com um propósito prático e distinto em vista”. É isso que faz dela uma profissão, já que o leigo, por definição, não visa a esse propósito e precisa de treinamento especial, a medicina como tal é necessariamente um monopólio. Nas sociedades modernas este monopólio é legalizado por uma licença de exercício. Os profissionais justificam tal monopólio dizendo que ele é essencial para a segurança do público, mas entre monopólio e conspiração a linha limítrofe é realmente bem difícil de estabelecer... e muito fácil de ultrapassar. Os médicos antes adorados como bons samaritanos oniscientes, agora são vistos como exploradores, gente de competência freqüentemente duvidosa que encobre erros homicidas de outros colegas. Relações melhores entre leigos e profissionais...

O novo fascínio e encanto no neo-protagonismo no cinema

ANDRÉ RECHE TERNEIRO O fascínio e o encanto que o espectador experimenta com o efeito estético de uma obra cinematográfica refletem uma nova concepção das possibilidades identificatórias que este tem com os protagonistas de um filme. Ante uma sociedade “desencantada” com os velhos valores da tradição moral e ante o impacto da alta tecnologia, cuja característica fundamental é a velocidade e a aceleração de informação, a experiência estética transformou o ideal de contemplação em um ideal de fluidez e agitação, onde personagens da ficção vivem em constante conflito ético que os leva a transgredir na ordem do real, a imposição simbólica da lei social, representada no imaginário do cinema. A ética diferencia-se da moral porque abraça um princípio vital da existência, muito além do bem e do mal, segundo o apregoa a moral até a modernidade. Na ética contemporânea, não importa o objeto que o sujeito escolha para representar suas vivências, o importante é o ato de escolher, isto é, o exercíci...

O VERÃO MAIS CELEBRADO DA TERRA

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REINALDO REIGRIMAR* Nossas sandálias de borracha estão pisando esse chão e falando outras línguas. Nossa bandeirinha colada no chinelo mais famoso do mundo se torna um acessório nos pés que já estão expostos. O verde tem sua cor forte, inigualável. O verde mais intenso que já admirei. As gramas em seu espaço quase infinito. As árvores com toda a folhagem nova, de até três meses de idade, me fazem parar alguns minutos e olhar essa bela obra da natureza. Isso tudo é sinal de que o verão chegou no hemisfério norte. As vitrines estampadas de flores, as mesmas nos jardins e parques. O colorido tomou conta e até o céu mudou de cor. Nessa ilha, seria incorreto falar com tanta precisão a respeito do céu. Aqui as nuvens vêm e vão. De repente, o céu é coberto com um denso cinza. É instantâneo a mudança nas pessoas também. De súbito, os casacos cobrem aquela mini-saia ou aquela camiseta de horas atrás. Assim é todo o começo de verão em Londres. Não deixa de ser o mais esperado e comemorado do mun...

NA CONTRAMÃO

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IEDA CAVALCANTE DOS SANTOS* O jornalismo de celebridades ganha cada vez mais espaço na mídia. Trata-se de mero entretenimento e não de informação jornalística. Proporciona um rápido deleite ao seu público que, por sua vez, comporta-se como um voyeur: quer dar uma olhada pelo buraco da fechadura na vida privada de gente famosa. Os famosos, em geral, iniciam o jogo aguçando a curiosidade pública sobre a sua vida íntima. Isso rende audiência e gera publicidade. Os donos do quarto poder sempre lembram que, sem publicidade, não há como sustentar um veículo de informação. Na contramão, há jornalistas comprometidos com o seu trabalho. Alguns chegam a perder a própria vida em virtude deste compromisso. É o caso de Luiz Carlos Barbon. Com 37 anos, foi assassinado em 5 de maio passado em Porto Ferreira, no interior paulista. Enquanto bebia em um bar com amigos, dois motoqueiros pararam e vieram em sua direção. Um deles apontou uma espingarda, a dois metros de distância de Barbon, e atirou. Para ...

NA CONTRAMÃO

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IEDA CAVALCANTE DOS SANTOS* O jornalismo de celebridades ganha cada vez mais espaço na mídia. Trata-se de mero entretenimento e não de informação jornalística. Proporciona um rápido deleite ao seu público que, por sua vez, comporta-se como um voyeur: quer dar uma olhada pelo buraco da fechadura na vida privada de gente famosa. Os famosos, em geral, iniciam o jogo aguçando a curiosidade pública sobre a sua vida íntima. Isso rende audiência e gera publicidade. Os donos do quarto poder sempre lembram que, sem publicidade, não há como sustentar um veículo de informação. Na contramão, há jornalistas comprometidos com o seu trabalho. Alguns chegam a perder a própria vida em virtude deste compromisso. É o caso de Luiz Carlos Barbon. Com 37 anos, foi assassinado em 5 de maio passado em Porto Ferreira, no interior paulista. Enquanto bebia em um bar com amigos, dois motoqueiros pararam e vieram em sua direção. Um deles apontou uma espingarda, a dois metros de distância de Barbon, e atirou. Para ...

A vida tem diversas formas de ensinar: abra os olhos

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CADU VILLA LOBOS Nosso revelado desta edição é um cego. Fisicamente ele se parece com George W. Bush... mas enxerga diferente! Vou propor um exercício pra você leitor: se tranque no seu quarto à noite, apague a luz e tente andar pelo quarto, sentir os móveis, escutar os sons... coma uma macã, sinta a textura, a forma, o cheiro, o gosto... tudo bem devagar. Esse exercício não é para você se sentir cego, mas para despertar seus sentidos adormecidos. João Carlos do Prado, 56, nasceu em São Paulo, mas mora em Jundiaí há 16 anos. É casado e tem três filhas: Érica, 33, Monique, 28 e Bianca, 26. Também é avô de Beatriz, 7 anos, filha de Érica. Até 1982, João levava uma vida normal, como qualquer pessoa, mas, por destino ou fatalidade, foi nesse ano que tudo mudou. Certa noite, quando voltava de um aniversário, por volta das 23 horas, dirigindo seu carro na avenida dos Estados em São Paulo, perdeu o controle da direção, talvez por estar um pouco “alto”, como ressaltou, e acabou batendo em uma ...

SOBRE CERTO MODELO DE EDUCAÇÃO FORMAL

REINALDO SAMPAIO PEREIRA* A educação formal brasileira tem passado, nos últimos anos, por diversas mudanças. Mudanças constantes parecem necessárias no modelo do processo educativo, na medida em que a sociedade se altera (se a educação formal deve se ajustar, de certo modo, às mudanças sociais) e na medida em que ela deve representar um dos princípios de alterações da sociedade. É preciso, então, pensar em o quê deve ser alterado no supramencionado processo, como alterá-lo, etc. No concernente à velocidade de implementação de alterações, parece-me sensato que mudanças drásticas devem, se possível, serem evitadas. A fim de evitar erros desastrosos para o processo educativo, as mudanças devem ser bem avaliadas e testadas, para, se constatado que pode atingir fins desejados, então implementá-las gradativamente. Isso porque os reflexos de mudanças na educação podem ecoar por longo tempo, e reverter a longa cadeia de conseqüências de medidas adotadas rapidamente pode ser de extrema dificuld...

O RESPEITO (OU A FALTA DELE)

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JEVERSON BARBIERI O homem contemporâneo tem apresentado nas últimas décadas um individualismo exacerbado. Por conta da tecnologia que evolui na velocidade da luz, ele pensa que pode tudo a partir de um simples controle remoto. Aciona portões, elevadores, televisores, aparelhos de som, computadores, movimenta contas bancárias, celulares, enfim, tudo que a tecnologia moderna permite. Por conta dessa escravidão da tecnologia moderna o homem vem a passos largos deixando de lado, creio eu, a coisa mais importante, que é o relacionamento humano. É muito comum observar pessoas que trabalham na mesma empresa ou moram no mesmo bairro ou condomínio, que não são capazes sequer de olhar na cara do vizinho com o simples propósito de cumprimentá-lo. Uma parcela muito grande da população mundial vive preocupada com a própria vida, numa busca incessante de bens materiais e riqueza que possam suprir as necessidades suas e de seus familiares. Além disso, essa corrida do ouro fez com que o homem moderno ...

A ARQUITETURA COMO MEIO DE COMUNICAÇÃO

FLAVIO F. A. ANDRADE Ao construirmos casas e edifícios estamos criando, na verdade, uma mutação constante nas cidades. Especialistas chamam este processo de personificação da arquitetura. Esta mudança decorre de vários fatores, dentre eles o principal certamente é a atmosfera histórica adquirida ao longo dos anos através de contemplações diárias deste conjunto arquitetônico que constitui as cidades. Outro fator determinante é a harmonia entre homem e casa, decorrente dos adornos projetados através da estética decorativa individual. Cada objeto decorativo ou mesmo expositivo de uma construção irá atuar como extensão da estrutura, antes inanimada, e que adquire, por meio destes adornos, uma interação com o morador. No livro Leitura Sem Palavras, capítulo “Comunicação enquanto prática cultural”, Lucrécia D'Aléssio Ferrara explica que “toda prática humana está inserida numa situação mais ampla, na medida em que se instala como elemento interferidor nos sistemas social, econômico e cult...