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Mostrando postagens de março, 2008

PROPÓSITO »» Griffe - dez | jan 2008 | ano 5 nº 23

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Flavio F. A. Andrade Por muito tempo evitamos publicar fotos, matérias, artigos ou ensaios que tratassem de nossa própria história. Procuramos ao máximo preencher os espaços com análises e críticas sobre acontecimentos relevantes na sociedade. Acontece que chega um momento que é preciso dizer algumas palavras sobre missões e objetivos. Talvez para esclarecer porque criamos e desenvolvemos uma revista tão peculiar como esta. Quem lê a Griffe percebe com facilidade que nos preocupamos com a valorização do pensamento crítico, e o que nos orienta é o exercício do raciocínio intelectual. Mas neste momento tão necessário quando publicar material original e que traga uma visão mais abrangente do ambiente em que vivemos, é falar sobre o que nos motiva a publicá-lo. Todo este processo de se auto-retratar, quando realizado na medida certa, torna-se importante, porque muitos leitores e profissionais estão curiosos por conhecer a trajetória de vida desta revista alternativa. Reproduzimos nesta ed...

UMA NOVA EXPERIÊNCIA EM JUNDIAÍ

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«Além de textos sobre o espaço urbano da cidade, a publicação inclui relatos e ensaios fotográficos sobre São Paulo, Londres e outras cidades...» Ieda Cavalcante dos Santos Resumo : Este relato pretende contribuir com o debate sobre experiências inovadoras na área de jornalismo, tendo por base a experiência desenvolvida por um grupo de alunos de jornalismo de Jundiaí em torno da publicação da revista Griffe . Trata-se de uma publicação cultural, feita com o objetivo de propiciar a reflexão crítica por meio de textos que unem as linguagens jornalística e literária. Além de textos sobre o espaço urbano da cidade, a publicação inclui relatos e ensaios fotográficos sobre São Paulo, Londres e outras cidades, procurando articular o local com o universal e, desta forma, distanciando-se de uma abordagem provinciana de temas culturais. Esta experiência marca uma relação singular entre alunos e professores, na medida em que ambos apresentam-se na condição de parceiros em prol de uma publicação f...

PÁGINAS PARA ABRIR A MENTE DOS LEITORES

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Thiago Godinho Muito mais que uma revista «bonitinha» no mercado. Muito mais que um nome ou marca própria de um fabricante ou criador. Idealizada pelo jornalista Flavio Andrade, a revista Griffe surgiu na região de Jundiaí não apenas para cumprir a definição dada a seu nome, no dicionário. «No nosso caso, é a junção do verbo grifar, no sentido de memorizar a mensagem exposta, com o substantivo grife, enquanto marca... nossa confecção é feita de papel, palavras e imagens como matéria-prima e nossos estilistas são professores, jornalistas, poetas, compositores...» O conceito, inserido na página 140 da recém-lançada Griffensaios, publicação em comemoração ao terceiro aniversário, resume bem o objetivo do periódico. Flavio Andrade, que também é colunista do JV Regional, começou a trabalhar com jornalismo em Minas Gerais, quando se formou Técnico em Comunicação Social – Jornalismo. Hoje, dedica boa parte do seu tempo ao que chama de «nova paixão». Junto com o trabalho de edição da revista ...

A SAÚDE E A SUPERVALORIZAÇÃO DO BELO

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Flavio F. A. Andrade Às vezes é preciso discordar de alguns intelectuais que não perdem uma oportunidade de criticar sutil ou intensamente a mídia, no que diz respeito à supervalorização do belo, do corpo belo. Os discursos destes estudiosos não condizem com o histórico de vida das pessoas. Temos um bom exemplo no texto de Richard Miskolci, intitulado Corpos elétricos: do assujeitamento à estética da existência. O texto é todo embasado na premissa de que a busca por um corpo belo pode causar problemas psicológicos. Para ele, as pessoas que buscam o corpo da moda, são hipócritas, assim como os meios de comunicação que promovem esta moda. Diz ele: «As técnicas de disciplina corporal são assujeitadoras porque criam não apenas corpos padronizados, mas também subjetividades controladas.» Neste ponto é preciso discordar de Miskolci e também de Francisco Ortega, citado no mesmo texto. A padronização citada por eles se refere às medidas de um corpo sadio. A crítica ao corpo belo provém, a meu ...

CULTO AO CORPO: SAÚDE OU DOENÇA?

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Luiz Cortez Quando se fala da exposição excessiva de corpos «perfeitos» na mídia, rapidamente surgem milhares de pessoas criticando os meios de comunicação, usando como argumento a incidência crescente dos distúrbios alimentares, principalmente na população jovem. Alegam que a mídia cultiva um estereótipo, com homens musculosos e mulheres magérrimas, ambos com a famosa «barriga de tanquinho». Para Richard Miskolci, esta busca é impossível. Autor do ensaio Corpos elétricos: do assujeitamento à estética da existência, publicado na Revista de Estudos Feministas da Universidade Federal de São Carlos, ele fala das diferenças, das limitações genéticas de cada um e da impossibilidade de sermos exatamente como os modelos. As pessoas comuns, que têm trabalho regular, família, filhos, contas para pagar, não podem viver na academia e, portanto, nunca ficarão como aqueles que vivem do próprio corpo, da venda de sua imagem. Porém, não achamos justo atacar os meios de comunicação como se fossem os ú...

A EPOPÉIA DA KOMBI AMARELA EM LITTLE MISS SUNSHINE

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André Reche Terneiro A trajetória de um grande herói é composta basicamente pelo rompimento e partida de sua vida habitual, o encontro com grandes obstáculos durante a aventura empreendida, o desafio final, motivo principal de sua partida, e, por fim, o retorno do herói à sua terra. Esta fórmula para narrar os feitos de grandes heróis desde Homero, há mais de cinco mil anos atrás, é utilizada de maneira intensa dentro da literatura, e mais recentemente, foi absorvida por outro campo de expressão artística, o cinema. Os heróis são formados pelos mais variados tipos de sentimentos e motivações para empreender uma aventura épica. Aquiles, o maior guerreiro presente na guerra de Tróia, lutava para cravar seu nome na história. Heitor, pelo lado troiano, não lutava por glória, mas por manter os muros de sua cidade e seus habitantes a salvo. Em grande maioria, os heróis em suas trajetórias épicas, tanto na literatura quanto no cinema, tem por objetivo primário a manutenção da paz dentro das s...

DESMISTIFICANDO OS EXTRATERRESTRES

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Flavio F. A. Andrade Desde que Orson Welles transmitiu dos estúdios da CBS na noite de Halloween no dia 30 de outubro de 1930 uma dramatização sobre A Guerra dos Mundos de H. G. Wells, causando assim pânico em muitos americanos, passamos a ver com olhos mais críticos informações sobre vida extraterrestre. Em parte esta nossa descrença sobre a existência de vida fora da terra provem da mídia, que muitas vezes age de forma preconceituosa, ofuscando o raciocínio do espectador. O problema é que esta abordagem não é apenas falta de conhecimento jornalístico adequado. Pode ser orquestrada para enganar toda uma população, de acordo com interesses governamentais. O caso citado acima foi responsável por uma série de protestos nos Estados Unidos, por pessoas inconformadas com a brincadeira do ator Orson Welles, protagonista do filme Cidadão Kane. Alguns americanos chegaram a propor que leis fossem criadas para que não acontecessem mais episódios como este. Nesta noite de Halloween, Welles e os r...

A BANDEIRA DA ÉTICA NA DEFESA DE CERTOS INTERESSES

Reinaldo Sampaio Pereira Dentre as muitas polêmicas que o filme Tropa de Elite suscitou, desviaremos o olhar para a da pirataria. Nesse sentido, lembremos que o filme foi visto em cópias piratas antes mesmo de entrar em cartaz. Esse episódio ganhou espaço na mídia, contribuindo para encorpar a discussão sobre a pirataria. Neste artigo, quero me reportar especificamente à pirataria de DVDs e também de CDs. Os discursos que rechaçam a pirataria são de natureza das mais diversas, como o que alerta para a não arrecadação de impostos pela produção e comercialização dos produtos piratas, ou então o que salienta que tais produtos estragam os aparelhos que os reproduzem. Há o discurso que apela para a sensibilização em relação ao trabalho dos que produzem cultura, lembrando que a diminuição dos seus ganhos (ocasionada pela pirataria) pode levá-los a diminuírem a sua produção e também produzirem obras em menor tempo (afetando a qualidade das mesmas), para a obtenção de ganhos que julguem valer ...

PRATO FEITO

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Reinaldo Reigrimar Enlouquecia pelo fato de não estar mais acostumado com tantas dissensões de costumes. Era tão eminente que tudo que se falava corria os quatro cantos da vizinhança. Era apenas um abraço que a notícia logo corria de certa gravidez a caminho. Parecia estar nos anos vinte com cobranças dos pais, avós e tios. Tudo parecia precoce ao extremo que sentir medo de fato era um alívio. Mentiras e intrigas jogadas aos impulsos da indiferença. Segredos desagregados aos que se confiam. Desmente a cara limpa, cospe no prato que comeu ou fazem uma tempestade num copo de água. Falas errado seu português medíocre a fim de assemelhar-se simples às custas de simples. Foi corrigido diversas vezes por aspirantes de cursinhos pré-vestibulares, para estudarem Direito. Tudo isso se implica a uma salada num prato separado e um saleiro com diversos grãos de arroz dentro. Era meia-noite e a vida noturna parece ainda no começo. Prostitutas, travestis e mendigos tomam conta dos cantos da cidade. ...

CARMEN DE GEORGE BIZET

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Cristina Tischer Ranalli George Bizet (1838-1875) foi um compositor francês nascido em Paris e filho de um professor de canto e de uma pianista. Já era de se esperar que frequentasse um conservatório desde a mais tenra idade e nesta breve jornada, viveu apenas 37 anos, foi aluno de Gounod e Fromental de Halévy. Conquistou vários prêmios por seu desempenho musical e foi um pianista admirado por Liszt. Era apreciador do teatro lírico, o que contribuiu com a sua produção artística. Das obras que compôs, Carmen é a mais famosa, mas não foi assim logo na estréia. Bizet foi incompreendido com Carmen, já que inovou ao compor a ópera(1). O público, puritano, ficou chocado com o ritmo e com as aparições de mulheres fumando no palco, por exemplo. Primeira reação à parte, Carmen é a obra-prima de Bizet e da ópera francesa. Inspirada num romance de Merimée, Bizet convidou os escritores Henri Meilhac e Ludovic Helévy para fazerem o libreto(2) de sua composição e, como em toda adaptação, as modifica...

CONSCIÊNCIA

Ézora Helena Silva Moreira Temos visto ao longo da história os prejuízos incalculáveis causados pela omissão das pessoas diante das calamidades. Seja o morticínio dos judeus pelos nazistas, o trabalho escravo nas lavouras canavieiras, a prostituição infantil, a mortalidade infantil nas aldeias indígenas ou a ausência de políticas públicas decentes para a saúde, fica a pergunta que se levanta a nós todos. O fato de deixarmos de nos manifestar publicamente contra os desmandos, aos quais lamentamos particularmente, nos deixa mais seguros, melhor? Tenho a impressão de que hoje o mundo sofre não só por falta de convicções firmes, mas também, por nossa timidez em externarmos as convicções que temos. Nossa divisa muitas vezes parece ser: Mantenha a distância, não se comprometa. Deixe os outros tomarem a iniciativa. Diante de todas as espécies de situações que reclamam corretivos, muitos dentre nós somos atacados de rouquidão moral. Creio que todos nós, de uma forma ou de outra, temos crenças...

A SUTILEZA DOS LOFTS

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Flavio F. A. Andrade O espaço não tem divisões. A funcionalidade, simplicidade e o bem-estar fazem parte do objetivo principal destas edificações. O loft, palavra que significa depósito ou sótão, em inglês, está cada vez mais familiarizada pelos brasileiros que buscam um lugar aconchegante para morar, e que seja caracterizado pela leveza do ambiente. Reinvenção do apartamento, o loft nasceu da idéia do arquiteto francês Le Corbusier, na década de 20. O Brasil, assim como grande parte do mundo, importou a idéia surgida originalmente para atender a artistas pobres de Nova York na década de 40. Por não terem como pagar o aluguel dos apartamentos normais, os artistas alugavam galpões desativados e os transformavam em ateliê. Moravam e trabalhavam no mesmo lugar. Com o passar dos anos, alguns artistas ficaram famosos e seu estilo de viver logo se popularizou. Inicialmente eram grandes galpões usados como depósitos para empresas, localizados no bairro Soho, em Nova York. O que caracterizava ...

A CASA DO FUTURO

Mauro Utida Como você imaginava uma casa do futuro há 20 anos? Um exemplo que eu me espelhava muito era a casa do filme De volta para o futuro II, onde os eletrodomésticos dominavam a residência, com hologramas na mesa de refeição para conferências digitais, uma super-tela na sala para assistir a programação da TV, não muito diferente de onde nos encontramos hoje. Sabia que era um exemplo possível, só duvidava dos carros que voavam. Existiam outros exemplos que mexiam com minha jovem imaginação, como os desenhos da família Jetson e seus arranha-céus futuristas. Quando criança achava que o futuro iria chegar quando os carros estivessem voando. Mas também imaginava um futuro como do filme Mad Max, trágico. Hoje, acredito que já esteja no futuro. Apesar de muitas coisas que irão surgir, a ciência e a tecnologia já evoluíram monstruosamente, tanto que o desenvolvimento da humanidade acontece cada vez mais num espaço de tempo menor. Quando garoto, não cheguei a imaginar que o crescimento de...