LUGARES, VIAGENS E AVENTURAS

Flavio F. A. Andrade
Reinaldo Reigrimar



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Lugares, viagens e aventuras surge com o propósito de ampliar o que tão amplo já existe. O mundo não parece ter mais o mesmo tamanho de 500 anos atrás. Os demônios dos mares deixaram de existir e os novos tempos têm possibilitado o conhecimento geral da face do nosso velho planeta. Falar de planeta é falar sobre algo que soa grandioso aos ouvidos de quem ainda estuda geografia em livros didáticos. Ampliar o conhecimento por meio de uma viagem é alimentar a lucidez dos sentidos. Sentir o universo ou falar de tudo que envolve a força do cosmo pode parecer clichê, mas é com essa força e grandiosidade que nós, os 6,5 bilhões de seres humanos, estamos, a uma velocidade de mais de 250 quilômetros por segundo, viajando pelo o universo juntamente com nosso sistema solar. Caminhemos juntos pelos cinco cantos dessa nossa “nave” chamada Terra, seja de avião, navio, carro, carroça ou trem. Se necessitarmos atravessar um rio montados num cavalo ou mesmo a pé, vamos sem medo. O mais importante de toda viagem é chegar ao destino, como por exemplo, a uma cidadezinha com 200 habitantes, no meio do nada, onde sua história ainda sobrevive em pleno século 21. Esse lugar é São José das Três Ilhas, Minas Gerais, Brasil. Vamos conhecer suas histórias, suas gentes e seus caminhos. Vamos também alçar vôo rumo à Europa, e conhecer com olhos de viajante a intuição do Velho Mundo, suas ruelas e becos mais distantes. Suas pedras, construções e ruínas, suas religiões e seus predicados.
Durante muitos anos percorremos estradas que nos levam ao desconhecido e nos trazem experiências que marcam nossas vidas. Seja pela beleza do local, pelas relações que portamos como visitantes, ou pela experiência da aventura em si. Cada um de nós tem um pouco de história pra contar. Todos têm uma boa lembrança de uma viagem qualquer. O mais importante é saber usar o bom e o ruim que a viagem foi capaz de nos proporcionar para podermos viver de forma diferente. Este livro é uma junção de muitas dessas histórias. Ele tem o objetivo de transmitir informações sobre os lugares visitados, mas mais do que isso, tem a finalidade de despertar nas pessoas o desejo do descobrimento. Viajar é interessante justamente porque nos tira da rotina diária que destrói nossos sonhos. Viajar é realizar um desejo, uma esperança. É viver novas emoções, conhecer novas pessoas e espaços diferentes. Todo o processo da viagem é excitante e merece registro. As fotografias, os vídeos, as lembranças, todos os eventuais registros enfim, merecem ser impressos no mais resistente papel, ou disco rígido, para que posteriormente sejam difundidos. É isso que estamos fazendo agora: compartilhando nossas experiências, aventuras e viagens.
Nesta apresentação, cabe um lembrete importante acerca dos relatos aqui anunciados. Eles não são guias turísticos. O que julgamos importante de fato são os pequenos detalhes, os pormenores que passam despercebidos ao viajante turístico. O que propomos aqui é um passeio sem preconceitos. Devemos abrir a mente antes de qualquer partida. Para só então estarmos preparados para absorver, sensorial e espiritualmente, os lugares que frequentamos.
Comprometido com nossa proposta de escrever um capítulo deste livro, o brasileiro Tiago Alvarenga, que na ocasião vivia em Londres, fez uma exuberante viagem pelo Egito e Israel e nos conta em detalhes suas impressões intimistas do norte da África, mais propriamente Cairo, e do Oriente Médio — cidades importantes do ponto de vista histórico. Tiago narra o fantástico. Ao invés de contar a história que todos esperariam ouvir, ele relata, em primeira pessoa, sua própria história, no “Batizado no Rio Jordão”.
Talvez o nosso maior vôo tenha sido em direção ao continente branco. O pesquisador brasileiro José Henrique Fernandez aceitou com entusiasmo nosso convite para relatar suas aventuras no lugar mais inóspito da Terra. Uma viagem verdadeira para ampliar as fronteiras do conhecimento e autoconhecimento. Esse relato é uma lição de vida, em busca de novos relacionamentos e desenvolvimento de novas habilidades. O capítulo expõe uma rara experiência nas paisagens antárticas. O físico e doutor em geofísica espacial narra as curiosidades da “Terra do Gelo Eterno”, uma viagem ao fim do mundo onde aprendemos que navegar é viver.
“Navegar é preciso, viver não é preciso”. A frase de Fernando Pessoa nos sugere a proporção do quanto é importante viajar. O que o poeta diz é que viajar é viver. Um momento no qual nos deparamos com experiências que podem mudar nossas vidas e o modo como a encaramos. O corpo agradece quando o expomos a situações novas. Quando estamos em contato com o desconhecido, nosso cérebro cria novas conexões nervosas e assim nos tornamos mais saudáveis. Valem até momentos de perigo, como a visita a um vulcão em atividade. Por que não? Quando estamos em situações de perigo, o corpo muda, começamos a dar valor a coisas mais importantes e deixamos de supervalorizar os pequenos problemas do dia-a-dia. Trata-se de uma transformação de dentro pra fora. Viajar é isso. É colocar o corpo em movimento, experimentar novas culinárias, falar outras línguas, fazer novas amizades. Viver!
Mas a viagem precisa ser programada com calma. De nada adianta esta correria de fim de semana, em que enfrentamos longos congestionamentos para “pegar” uma praia por algumas horas. É melhor fazer com estilo. Viagens a lugares pitorescos, luxuosos, simples. Tudo depende do gosto e do bolso da pessoa. Vale até viagem em peregrinação. O que não podemos abrir mão é do planejamento, de detalhar cada momento, para que tudo corra bem. E mesmo assim, cuidando de todos os pormenores, sua viagem ainda sairá um pouco, às vezes totalmente, do esperado. Essa é também a graça das aventuras. Viajar é percorrer os caminhos que programamos, mas que, eventualmente, podem ser mudados. Eis o que de belo existe nessa prática que é exercida há milhões de anos.
Há viagens que duram para sempre. O lugar visitado é tão interessante que a pessoa decide ficar, ficar... Esta pode ser a viagem mais longa e saudável, desde que a pessoa saiba viver e não se acostumar com a paisagem. É comum haver pessoas que moram em belas praias, em paisagens paradisíacas, mas são totalmente insatisfeitas. Com o passar do tempo, a janela da casa — ou seria da alma? — torna-se desinteressante. O tempo se encarrega de obscurecer a beleza. É algo que acontece. Neste caso é melhor mudar de ares, de cidade, de país, de planeta. Claro! De planeta! Em breve estaremos fazendo viagens interplanetárias. Alguém duvida?
No início foram os viajantes dos mares, com seus navios feitos de madeira e corda. Hoje viajamos em transatlânticos de luxo, perfeitos apartamentos duplex em pleno mar. Quase tudo o que o dinheiro pode comprar está à venda nesse veículo. Quem sabe o que virá pela frente? O turismo espacial já está disponível, para quem tem alguns milhões sobrando no banco. Viajar sempre despertou esse fascínio do descobrimento e é por este motivo que estamos sempre em busca de novos destinos e novos transportes. Parece que estamos dispostos a tentar ir à busca de tudo o que nossa mente é capaz de imaginar, e isso inclui as viagens no tempo.
Das viagens no filme De volta para o futuro à supervelocidade em Guerra nas estrelas, a Sétima Arte se encarregou de nos mostrar que não há limite quando o assunto é transporte. Se as previsões estiverem certas, como nesses dois filmes, em breve estaremos vivenciando experiências até o momento impossíveis.
Enquanto novas descobertas não são feitas, continuamos utilizando os transportes usuais — trens, navios e aviões — para percorrer o máximo possível dos cinco cantos deste planeta Terra. E é melhor começar já porque ele é imenso e requer muita contemplação. Viver, no sentido de sobreviver, não é preciso, como disse Pessoa. Na medida em que viajamos, vivemos intensamente as experiências. Viajar tem mais do que o simples significado de transpor espaços. Significa transpor limites pessoais.
“Os diários de observação levam ao deleite leitores de qualquer área, curiosos de outras culturas e costumes.” Assim perfeitamente descreve a escritora e colaboradora da revista Griffe, Andréia T. Couto, sobre a importância da publicação dos relatos. “Os relatos de viagem, essa saborosa literatura, levam consigo os que, por alguma limitação, não podem percorrer os lugares visitados pelos autores. Muitas vezes as “visitas” são recheadas de algo inusitado, de aventura, ou até mesmo de perigo”, destaca a autora.
Viajar sempre fez parte do desejo das pessoas. Em qualquer etapa dessa aventura, a viagem é capaz de nos renovar, de inspirar e de fazer mudar nossa forma de ver e sentir o mundo à nossa volta. Com esse pensamento, nasce um livro sobre as aventuras e desventuras dos autores da revista Griffe e de profissionais espalhados por diversas partes do mundo. Trata-se de um livro sobre viagem, mas como você nunca viu. São relatos em primeira pessoa que contam histórias e contextualizam a cultura local com a universal, ressaltando o que há de mais belo e interessante nos lugares visitados. E ainda o lado árduo da viagem, em seu caráter emergencial e incerto, do qual depende a própria sobrevivência do viajante, como é o caso do personagem das “Memórias de um Pullman Standard”, relatadas aqui, em terceira pessoa, pelo escritor Dárcio Coyote Chaves. São locais da Europa, da América, Ásia e Antártica, registrados em textos e imagens que fogem do lugar-comum, do trivial, e trazem um novo pensamento sobre a arte de viajar.
Compartilhe essa curiosa experiência com esses aventureiros. Cada um deles teve motivos diferentes para iniciarem suas aventuras, porém todos têm algo em comum: o desejo de adquirir conhecimento e autoconhecimento. Aproveite as dicas, as observações, as advertências, para que você possa otimizar ao máximo os roteiros de sua próxima viagem. Lugares, viagens e aventuras busca divertir e informar o leitor de um jeito diferente. Relatos pessoais, comentários, citações e muita literatura estão presentes nesta obra e oferecem aos amantes da boa viagem a possibilidade de descobrir novas perspectivas, novos roteiros, novos pensamentos.
Desejamos a todos que, no exato momento em que as mãos abrem e folheiam este livro, aproveitem as aventuras nele contidas, em forma de literatura, e que todos façam uma boa viagem.

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