A SUTILEZA DOS LOFTS


Flavio F. A. Andrade


O espaço não tem divisões. A funcionalidade, simplicidade e o bem-estar fazem parte do objetivo principal destas edificações. O loft, palavra que significa depósito ou sótão, em inglês, está cada vez mais familiarizada pelos brasileiros que buscam um lugar aconchegante para morar, e que seja caracterizado pela leveza do ambiente.
Reinvenção do apartamento, o loft nasceu da idéia do arquiteto francês Le Corbusier, na década de 20. O Brasil, assim como grande parte do mundo, importou a idéia surgida originalmente para atender a artistas pobres de Nova York na década de 40. Por não terem como pagar o aluguel dos apartamentos normais, os artistas alugavam galpões desativados e os transformavam em ateliê. Moravam e trabalhavam no mesmo lugar. Com o passar dos anos, alguns artistas ficaram famosos e seu estilo de viver logo se popularizou.
Inicialmente eram grandes galpões usados como depósitos para empresas, localizados no bairro Soho, em Nova York. O que caracterizava o loft autêntico daquela época era um ambiente totalmente sem paredes, inclusive banheiros e quartos, com mezaninos de madeira ou ferro, pé-direito alto, com mais de seis metros, grandes janelas e tubulação aparente.
Por aqui, os lofts surgiram na década de 90. São apartamentos construídos com esta finalidade, não uma adaptação, como ocorreu nos Estados Unidos. Os lofts têm valor de mercado muito alto. Em São Paulo são construídos em bairros nobres como o Itaim, Morumbi, Vila Madalena, Jardins, Vila Nova Conceição e Alto de Pinheiros. Os apartamentos possuem acabamento com instalações aparentes, pé-direito duplo e cozinha americana. Público a que se destina: de médio a alto poder aquisitivo. Os ambientes são flexíveis e, em alguns casos, permitem aos usuários personalização completa.
Atualmente, este estilo de vida não é procurado apenas por solteiros, como era costume há alguns anos. Esta tendência, cada vez mais forte no mercado imobiliário das principais cidades no Brasil, agrada a todo tipo de inquilino. Solteiros e jovens casais, com ou sem filhos. Em Jundiaí, por exemplo, foi lançado em 2005 o empreendimento Spazio Vivere Duplex. Com várias opções de plantas, e preço médio de R$ 120 mil reais na época. Hoje estes apartamentos valem em média R$ 180 mil.
O valor do metro quadrado de área útil de um loft no Brasil varia de R$ 2,5 mil a R$ 4 mil para venda. Para apartamentos com dois dormitórios no mezanino, as áreas são em media de 70 m² a até 130 m², segundo dados da Bolsa de Imóveis de São Paulo. A alta nos preços justifica-se porque a demanda desse tipo de imóvel é maior que a oferta. Do mesmo modo como aconteceu em Nova York, São Paulo vive um momento de mudanças no setor imobiliário. O centro de São Paulo hoje está desvalorizado e sofrendo com a falta de segurança. Por falta de compradores, o preço dos imóveis cai. De olho neste mercado, investidores estrangeiros estudam a possibilidade de comprar alguns prédios para transformá-los em modernos lofts, para revenda. Hoje em Nova York um loft vale em média US$ 2 milhões de dólares, cerca de R$ 3,6 milhões de reais.
Mais do que espaços, o loft une pessoas, beleza, modernidade e arte. Loft é um estilo de vida, não apenas um modelo de apartamento. A funcionalidade e flexibilidade, (dificilmente encontradas em um apartamento comum), aliada à beleza arquitetônica, fazem do loft um dos estilos de vida mais procurados no mercado imobiliário mundial, e agora brasileiro.

Comentários

J.C.Abreu disse…
Sem duvida a definiçao de Loft estende-se a qualidade no estilo de vida,onde as impressoes pessoais estao retratadas em um ambiente aconchegante.

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