TEMPOS MODERNOS E OUTROS TEMPOS

Reinaldo Reigrimar - textos
Aleandro do Carmo - fotos
Vi em algum filme, mas não me lembro o nome, em que num futuro muito distante não haveria mais casas, carros, asfaltos e as pessoas não andariam nas ruas. Evolução total, assim como acontece com a informática. Os carros flutuariam sobre o asfalto. As pessoas voariam com cintos altamente sofisticados. Nada permaneceria no chão. Tudo seria mais fácil do que é hoje. Os prédios todos desiguais, como quebra-cabeças de vidros e aço inox. A cor prateada dominaria as fachadas, antes cobertas por tintas, tijolos e pastilhas de cerâmica. Prédios arredondados, ou novos quadrados mais ousados. Todos com seus traços futuristas.
Parece que esse tempo chegou para a construção civil. Nunca houve tantos prédios sendo erguidos com a intenção de impressionar, utilizando a arquitetura futurista. Corrida contra o tempo. Impressionante a rapidez com que são construídos. Mesmo para um leigo, sem muitos cálculos matemáticos é possível saber que em no mínimo 20 anos eles serão a maioria. Londres, uma das cidades que mais constrói no mundo, ganha impulso ainda maior por sediar as Olimpíadas de 2012. Os guindastes estão por toda a parte. Movimentam-se próximos uns aos outros, mais parecem um monte de pernas de aranha.
Observando a cidade aqui de cima, vejo que os prédios altos não predominam. As construções antigas são prédios de grande porte, mas com altura insignificante. Atingem sete andares de uma mágica época em que também se construía para impressionar. Mesmo os novos e modernos edifícios não são tão altos. Em certas regiões os tamanhos são padronizados. Em alguns lugares de londres a concorrência é quem determina quem faz o prédio mais alto e mais ousado. Uma «guerra» entre construtoras e arquitetos. Uma guerra «quente», uma luta que derrama milhões e milhões, e o vencedor sempre mora em cima, na cobertura, olhando para baixo, vê as formiguinhas operárias e os inimigos vizinhos de janela colada.
O Complexo Canary Wharf, centro econômico ainda em ritmo de crescimento no leste de Londres, banhado pelo Rio Tâmisa é hoje a Manhattan londrina.
Os edifícios gigantescos em meio a construções antigas criam uma harmonia inimaginada. De design arrojado, o Canada Square, um gigante de 50 andares, é o maior prédio da capital inglesa. Todo em vidro e metalizado em chapas prateadas. A pirâmide no topo do edifício, aliada ao seu tamanho de 235 metros, proporcionam os diferenciais dessa grandiosa obra. Nos anos 80 essa região não tinha nenhum grande edifício, a arquitetura ficava por conta das construções de baixo porte. Os anos 90 vieram com a proposta de mudança radical, obedecendo à demanda do mercado. Passados mais de 20 anos e o que se vê hoje é uma nova cidade com cara de futuro. Este projeto é tão complexo que as obras estão se arrastando por mais de duas décadas. A região não para de crescer, ficando ainda mais cara.
Os chamados conservadores e principalmente os adeptos ao Green Peace lutam pelo controle mais rígido desses arranha-céus. Os principais motivos são as radicais mudanças da paisagem urbana, a perda do horizonte plano, a emissão de poluentes, e claro, a quantidade de energia gasta. A paisagem está mudando rapidamente. Andaimes fazem parte da cidade, invadem as calçadas e trazem desconforto aos pedestres. Imagine a angústia de uma senhora ao abrir a janela e não poder mais acertar seu relógio, consultando como de costume o Big Ben, que acaba de ser tampado por um moderno e luxuoso hotel de 30 andares. Assim como os que pensam que os prédios foram feitos para deixar as cidades ainda mais assustadoras e ecoando a sirene do carro da polícia ou ambulância, assim como todos aqueles que ao levantarem os olhos e verem as limitações do céu deixadas pelos arranha-céus, assim como aqueles que passam rápido nestes locais por ser também mais um alvo atual de terroristas, enfim, tudo será mais complicado no dia em que o vento não puder chegar facilmente às ruas.
Por enquanto, podemos dizer que é bonito ver a capacidade do ser humano em desenvolver tais façanhas, empilhar vidro e aço e deixá-los retilíneos, ou na forma que desejar.
É interessante ver e fotografar o contraste do velho com o novo mundo. O crescimento do turismo aumenta assustadoramente. Os roteiros mudam a cada nova grande construção inaugurada. O mercado de trabalho em crescimento: diploma e capacidade são sinônimos de uma vitoriosa carreira. É como citar um filme de ficção científica que fala do futuro. As grandes cidades estão apostando corrida. A arquitetura está na frente, pois os prédios hoje se parecem com os dos filmes futuristas, mas os carros e os cintos que nos ajudariam a flutuar continuam no cinema. A arquitetura já atinge as nuvens. Os carros continuam no asfalto e as pessoas ainda com os pés no chão.
Aleandro do Carmo - fotos
Vi em algum filme, mas não me lembro o nome, em que num futuro muito distante não haveria mais casas, carros, asfaltos e as pessoas não andariam nas ruas. Evolução total, assim como acontece com a informática. Os carros flutuariam sobre o asfalto. As pessoas voariam com cintos altamente sofisticados. Nada permaneceria no chão. Tudo seria mais fácil do que é hoje. Os prédios todos desiguais, como quebra-cabeças de vidros e aço inox. A cor prateada dominaria as fachadas, antes cobertas por tintas, tijolos e pastilhas de cerâmica. Prédios arredondados, ou novos quadrados mais ousados. Todos com seus traços futuristas.
Parece que esse tempo chegou para a construção civil. Nunca houve tantos prédios sendo erguidos com a intenção de impressionar, utilizando a arquitetura futurista. Corrida contra o tempo. Impressionante a rapidez com que são construídos. Mesmo para um leigo, sem muitos cálculos matemáticos é possível saber que em no mínimo 20 anos eles serão a maioria. Londres, uma das cidades que mais constrói no mundo, ganha impulso ainda maior por sediar as Olimpíadas de 2012. Os guindastes estão por toda a parte. Movimentam-se próximos uns aos outros, mais parecem um monte de pernas de aranha.
Observando a cidade aqui de cima, vejo que os prédios altos não predominam. As construções antigas são prédios de grande porte, mas com altura insignificante. Atingem sete andares de uma mágica época em que também se construía para impressionar. Mesmo os novos e modernos edifícios não são tão altos. Em certas regiões os tamanhos são padronizados. Em alguns lugares de londres a concorrência é quem determina quem faz o prédio mais alto e mais ousado. Uma «guerra» entre construtoras e arquitetos. Uma guerra «quente», uma luta que derrama milhões e milhões, e o vencedor sempre mora em cima, na cobertura, olhando para baixo, vê as formiguinhas operárias e os inimigos vizinhos de janela colada.
O Complexo Canary Wharf, centro econômico ainda em ritmo de crescimento no leste de Londres, banhado pelo Rio Tâmisa é hoje a Manhattan londrina.
Os edifícios gigantescos em meio a construções antigas criam uma harmonia inimaginada. De design arrojado, o Canada Square, um gigante de 50 andares, é o maior prédio da capital inglesa. Todo em vidro e metalizado em chapas prateadas. A pirâmide no topo do edifício, aliada ao seu tamanho de 235 metros, proporcionam os diferenciais dessa grandiosa obra. Nos anos 80 essa região não tinha nenhum grande edifício, a arquitetura ficava por conta das construções de baixo porte. Os anos 90 vieram com a proposta de mudança radical, obedecendo à demanda do mercado. Passados mais de 20 anos e o que se vê hoje é uma nova cidade com cara de futuro. Este projeto é tão complexo que as obras estão se arrastando por mais de duas décadas. A região não para de crescer, ficando ainda mais cara.
Os chamados conservadores e principalmente os adeptos ao Green Peace lutam pelo controle mais rígido desses arranha-céus. Os principais motivos são as radicais mudanças da paisagem urbana, a perda do horizonte plano, a emissão de poluentes, e claro, a quantidade de energia gasta. A paisagem está mudando rapidamente. Andaimes fazem parte da cidade, invadem as calçadas e trazem desconforto aos pedestres. Imagine a angústia de uma senhora ao abrir a janela e não poder mais acertar seu relógio, consultando como de costume o Big Ben, que acaba de ser tampado por um moderno e luxuoso hotel de 30 andares. Assim como os que pensam que os prédios foram feitos para deixar as cidades ainda mais assustadoras e ecoando a sirene do carro da polícia ou ambulância, assim como todos aqueles que ao levantarem os olhos e verem as limitações do céu deixadas pelos arranha-céus, assim como aqueles que passam rápido nestes locais por ser também mais um alvo atual de terroristas, enfim, tudo será mais complicado no dia em que o vento não puder chegar facilmente às ruas.
Por enquanto, podemos dizer que é bonito ver a capacidade do ser humano em desenvolver tais façanhas, empilhar vidro e aço e deixá-los retilíneos, ou na forma que desejar.
É interessante ver e fotografar o contraste do velho com o novo mundo. O crescimento do turismo aumenta assustadoramente. Os roteiros mudam a cada nova grande construção inaugurada. O mercado de trabalho em crescimento: diploma e capacidade são sinônimos de uma vitoriosa carreira. É como citar um filme de ficção científica que fala do futuro. As grandes cidades estão apostando corrida. A arquitetura está na frente, pois os prédios hoje se parecem com os dos filmes futuristas, mas os carros e os cintos que nos ajudariam a flutuar continuam no cinema. A arquitetura já atinge as nuvens. Os carros continuam no asfalto e as pessoas ainda com os pés no chão.
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