A CONTEMPLAÇÃO DOS CENÁRIOS URBANOS

Flavio F. A. Andrade
As construções hoje são projetadas para melhorar nossa relação com o ambiente em que vivemos. Podemos perceber este fator em edificações que são verdadeiras obras de arte flutuantes. Surgem em cidades modernas e modificam completamente a paisagem em poucos anos.
Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, é um destes exemplos. Aquela região se transforma de maneira assustadora, causando assim admiração e curiosidade em todo o mundo. Há cinco anos nem se ouvia falar em Dubai. Hoje campanhas publicitárias vendem com facilidade o sonho de conhecer esta cidade futurista, mas ainda em construção. Os mega-empresários em Dubai são loucos que possuem muito dinheiro para disponibilizar em seus sonhos. Esta loucura é, na verdade, a representação de um mundo mais humano e se torna, neste momento, extrema-mente necessária.
Diferente do que muitos pensam, os arranha-céus não são aberrações que apenas causam problemas para a cidade em são construídos. Que mundo seria este se a partir dos atentados de 11 de setembro, que derrubaram as Torres Gêmeas de Nova York, não fosse mais permitido a construção de edifícios altos por causa do risco iminente de serem derrubados? Creio que viveríamos sentindo sempre a falta de algo. As cidades seriam mais planas, sem graça.
Sempre que nos aproximamos do dia 11 de setembro, data fatídica também para a arquitetura, os debates sobre a segurança nas construções entram em pauta e novamente as conclusões são óbvias: Sempre vão existir arranha-céus. Por mais que o perigo exista, seja ele de origem terrorista ou ecológica, é uma tendência mundial, sem volta. As construções hoje se aproximam dos cenários futuristas que presenciamos há anos nos filmes de Hollywood. O que vemos nas ruas das grandes cidades são prédios retorcidos, alguns em formado de flores, naves espaciais, compostos por materiais como vidro e aço inoxidável submetidos às mais modernas técnicas de edificação.
O choque visual é sentido a quilômetros de distância. E este estranhamento não é prejudicial. Em síntese ele é registrado como reconhecimento do potencial humano para superar cada vez mais as técnicas de construção.
Ao andarmos por estas cidades modernas, ou em modernização, nos deparamos com prédios por vezes estranhos. Devemos então parar, mesmo que por alguns instantes, e refletir sobre o que eles representam. São apenas amontoados de concreto e aço disformes? Ou foram arquitetados com objetivos que vão além do suporte e que na maioria das vezes não compreendemos? Ao projetar estas obras «diferentes» os arquitetos estão objetivando dar mais significado às cidades, muitas vezes desumanizadas, habitadas por pessoas com falta de tempo, que sofrem com a violência, com a poluição, e uma série de outros problemas que as impedem de sentir o prazer que é contemplar os cenários urbanos, decisivamente modernos, infelizmente incompreendidos.
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