NOVAS RESPONSABILIDADES

FLAVIO F. A. ANDRADE

Está claro o declínio do Império Globo a cada nova notícia referente à guerra pela audiência. Há alguns anos, a Rede Globo dominava completamente o cenário televisivo. As outras emissoras juntas não conseguiam alcançar a toda poderosa. Porém este cenário está mudando, e a passos largos.
De tempos em tempos, um escândalo vem à tona. Em dezembro foi a carta sobre a demissão de um jornalista da emissora. Uma carta aberta que gerou muita polêmica no meio jornalístico. Houve até resposta da Globo tentando justificar os ataques do jornalista despedido. Ele denunciava as manipulações existentes no material jornalístico. Tudo gira em torno do interesse dos diretores, denunciou.
Com as novelas não há o que contestar. A Globo vem perdendo audiência para a Record. Até com os jogos de quarta à noite a Globo não consegue mais segurar a audiência. Fruto de uma vida regada a escândalos jornalísticos, furos e imprudência, ou apenas uma fase transitória? Outras emissoras chegaram onde antes era algo impossível de se pensar. O empate e a superação da TV mais poderosa do país. E isso deve preocupar muito a direção da emissora.
O episódio mais recente que podemos citar foi o protesto contra a nova Classificação Indicativa dos programas televisivos. A Globo e o SBT não gostaram nada da idéia do governo e promoveram uma campanha que gerou impacto contrário ao previsto. As duas emissoras veicularam campanha que mostrava sucessivos pares de mãos desvendando os olhos de uma garotinha. Uma tentativa sem sucesso de barrar a nova lei.
Ao contrário, a MTV, emissora que remodelou recentemente sua programação, sabendo de seu papel como educadora na sociedade, promoveu campanha na TV e na internet e admitiu a responsabilidade na formação de crianças e adolescentes.
Eis o texto do vídeo da MTV:
“A televisão brasileira já fez coisas geniais, mas também colocou diversas porcarias no ar. Isso porque alguns profissionais são capazes de qualquer coisa na luta pela audiência, e isso pode acontecer em qualquer empresa de comunicação. É por isso que além da responsabilidade dos pais, na educação dos filhos, e de especialistas, na classificação indicativa de horários são as empresas e veículos de comunicação os maiores responsáveis pelo conteúdo que exibem. O Brasil será melhor se todos assumirem suas responsabilidades.”
Na Holanda, no Canadá e nos Estados Unidos a programação da TV é controlada por leis rigorosas. Tentar discutir esta nova Lei de Classificação Indicativa com a premissa de que estamos voltando com a censura não faz sentido algum. A preocupação das emissoras é com a programação. E por isso tentam desestimular o debate. O fato é que a sociedade deve exercer seu papel na decisão do conteúdo exibido.

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