ENTRE O FIM DO MUNDO E O FIM DO MÊS
Flavio F. A. Andrade
Inquestionável. Ficamos com o fim do mês. O fim do mundo ainda está longe de acontecer, outra vez. Principalmente para nós, brasileiros. Ele já aconteceu! Aqui a preocupação é outra. Como diria um poeta brasileiro, “minha dor de dente é mais importante que a guerra no Iraque”. A frase se aplica perfeitamente ao que estamos vivendo ultimamente – dois assuntos que permanecem no noticiário brasileiro: a guerra no Iraque e o aquecimento global.
Em uma atitude imediata e inevitável, eu diria, a mídia e ativistas, com seus discursos repetidos, alertam para as conseqüências do aquecimento global, tardiamente. O fim do mundo é anunciado nas manchetes dos jornais diários.
O que isso importa para um brasileiro cuja preocupação diária é não passar fome, é a dor de dente que persiste naquele cidadão que vive abaixo da linha da pobreza e que não tem dinheiro para cuidar de suas necessidades básicas? Ou as preocupações de uma família que vive no morro, numa favela dominada pelo tráfico de drogas, com balas perdidas quando acontece uma guerra entre traficantes? Saúde, alimentação, transporte, segurança, estas sim são coisas importantes para se pensar, noticiar e debater. Com o foco no micro, as questões que afligem o macro desaparecerão, por conseqüência. A guerra no Iraque não tem relevância para este povo miserável que vive em milhares de favelas em todo o Brasil, muito menos o anúncio do fim do mundo.
Vivemos o que eu chamo de discussão do indiscutível. O que a mídia brasileira faz é o mesmo que fazem nas reuniões internacionais. A discussão de alguns problemas e o esquecimento de outros.
O Brasil cria o álcool, o bio-combustível, mas quem se importa? Onde estão as notícias sobre isso? Por que substituir a guerra no morro pela guerra no Iraque? Nos países em conflito isso faz sentido, não no Brasil, onde temos necessidades mais urgentes. Outra questão incompreensível é a presença das tropas brasileiras em outros países. Uma grande atitude de marketing. O lugar dessas tropas é no Rio e São Paulo e em nenhum outro lugar.
Estamos diante de um paradoxo. O rico quase não assiste TV aberta. É principalmente consumida pelas classes C, D e E, que a utilizam como principal meio de informação e diversão. Num barraco de dois metros quadrados onde vive uma família de três pessoas pode não ter uma geladeira, mas uma TV não falta. O Jornal Nacional é tão criticado por isso mesmo. Fala, mas não para quem precisa. Por que então ainda produzimos notícias irrelevantes desta forma? Discutir o aquecimento global ou a guerra no Iraque não faz sentido para a maioria do público brasileiro: pobres que se preocupam com as contas do fim do mês.
Deste modo é certo afirmarmos que a TV é feita apenas para certo público, sem levar em consideração as necessidades do brasileiro. Em outras palavras, deveríamos fazer mais jornalismo local. Jornalismo que tem como foco os problemas da sociedade. Pode ser o bairro, a cidade ou o país. O jornalismo internacional, do jeito que hoje é feito, serve apenas para o estudante da classe média alta se preparar para o vestibular. Nada mais. O fim do mundo e o aquecimento global para alguns e o fim do mês e o aumento da violência para outros.
Inquestionável. Ficamos com o fim do mês. O fim do mundo ainda está longe de acontecer, outra vez. Principalmente para nós, brasileiros. Ele já aconteceu! Aqui a preocupação é outra. Como diria um poeta brasileiro, “minha dor de dente é mais importante que a guerra no Iraque”. A frase se aplica perfeitamente ao que estamos vivendo ultimamente – dois assuntos que permanecem no noticiário brasileiro: a guerra no Iraque e o aquecimento global.
Em uma atitude imediata e inevitável, eu diria, a mídia e ativistas, com seus discursos repetidos, alertam para as conseqüências do aquecimento global, tardiamente. O fim do mundo é anunciado nas manchetes dos jornais diários.
O que isso importa para um brasileiro cuja preocupação diária é não passar fome, é a dor de dente que persiste naquele cidadão que vive abaixo da linha da pobreza e que não tem dinheiro para cuidar de suas necessidades básicas? Ou as preocupações de uma família que vive no morro, numa favela dominada pelo tráfico de drogas, com balas perdidas quando acontece uma guerra entre traficantes? Saúde, alimentação, transporte, segurança, estas sim são coisas importantes para se pensar, noticiar e debater. Com o foco no micro, as questões que afligem o macro desaparecerão, por conseqüência. A guerra no Iraque não tem relevância para este povo miserável que vive em milhares de favelas em todo o Brasil, muito menos o anúncio do fim do mundo.
Vivemos o que eu chamo de discussão do indiscutível. O que a mídia brasileira faz é o mesmo que fazem nas reuniões internacionais. A discussão de alguns problemas e o esquecimento de outros.
O Brasil cria o álcool, o bio-combustível, mas quem se importa? Onde estão as notícias sobre isso? Por que substituir a guerra no morro pela guerra no Iraque? Nos países em conflito isso faz sentido, não no Brasil, onde temos necessidades mais urgentes. Outra questão incompreensível é a presença das tropas brasileiras em outros países. Uma grande atitude de marketing. O lugar dessas tropas é no Rio e São Paulo e em nenhum outro lugar.
Estamos diante de um paradoxo. O rico quase não assiste TV aberta. É principalmente consumida pelas classes C, D e E, que a utilizam como principal meio de informação e diversão. Num barraco de dois metros quadrados onde vive uma família de três pessoas pode não ter uma geladeira, mas uma TV não falta. O Jornal Nacional é tão criticado por isso mesmo. Fala, mas não para quem precisa. Por que então ainda produzimos notícias irrelevantes desta forma? Discutir o aquecimento global ou a guerra no Iraque não faz sentido para a maioria do público brasileiro: pobres que se preocupam com as contas do fim do mês.
Deste modo é certo afirmarmos que a TV é feita apenas para certo público, sem levar em consideração as necessidades do brasileiro. Em outras palavras, deveríamos fazer mais jornalismo local. Jornalismo que tem como foco os problemas da sociedade. Pode ser o bairro, a cidade ou o país. O jornalismo internacional, do jeito que hoje é feito, serve apenas para o estudante da classe média alta se preparar para o vestibular. Nada mais. O fim do mundo e o aquecimento global para alguns e o fim do mês e o aumento da violência para outros.
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