O PODER DA DANÇA
Ao assistirmos uma apresentação de dança com coreografias complexas, não imaginamos o quanto de preparação foi necessário para que tudo saísse o mais perfeito possível. Em se tratando de dançarinos portadores de síndrome de Down, o esforço é ainda maior. Nem por isso menos emocionante. Conversamos com Carlinhos Faustini, coreógrafo em diversas entidades em Jundiaí e responsável pelo Grupo de Dança do Centro de Atendimento à Síndrome de Down - Bem-Te-Vi. Grupo reconhecido nacionalmente pela perfeição e beleza das encenações. Formado há dez anos por portadores da síndrome, tem como objetivo estimular a integração do aluno na sociedade. Exemplo de superação, eles são capazes de mostrar porque a síndrome não é mais sinônimo de preconceito. Confira nesta entrevista como funcionam os rígidos ensaios e quais os desafios que estes alunos enfrentam nesta atividade tão prazerosa e transformadora que é a dança.
g - Como surgiu este Grupo e como são os ensaios?
C.F. - No início havia apenas sete alunos. Com o passar do tempo, o projeto cresceu e hoje são três grupos formais, com quatro novas coreografias por ano. Os ensaios acontecem uma vez por semana, com uma hora para cada grupo. São trabalhados a localização espacial, lateralidade, expressão oral, responsabilidade, trabalho em grupo e a auto-estima.
g - O que muda na vida destas pessoas com a dança?
C.F. - A principal função da dança é a inclusão social. O resultado obtido com este projeto é a síntese da potencialidade dos assistidos. A dança tem um significado muito importante para o portador de síndrome de Down. O principal é o resgate da auto-estima.
g - Como é o comportamento deles nas apresentações?
C.F. - A apresentação é o fechamento do trabalho que é feito em sala de aula. Nestes dez anos já se apresentaram em grandes universidades, congressos e feiras. Nas saídas eles são avaliados em relação ao comportamento, a postura perante as outras pessoas e para entrar no palco. Não é porque ele tem síndrome que pode fazer tudo. Eles têm que ter postura de artistas. Independente de ter síndrome de Down ou não.
Depois das apresentações é feito um balanço de como foi o rendimento dos alunos em todas as áreas dentro da instituição. Se temos algum problema durante as aulas ou mesmo nas apresentações, seja de caráter emocional ou físico, recorreremos aos outros terapeutas para auxiliar neste trabalho.
g - Quais os benefícios para a família?
C.F. - O que eu vejo neles é a melhora da auto-estima.
E principalmente da família. Porque nenhuma família está preparada para receber um portador de deficiência, seja ela qual for. E quando ela vê que o filho dela está no palco, dançando, mostrando talento, potencialidade e não deficiência, isso é um grande sonho realizado pela família.
• Centro de Atendimento à Síndrome de Down - Bem -Te-Vi - Osvaldo Cruz, 206 - Ponte São João. Tel. (11) 4526-9446.
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