PRATO FEITO

Reinaldo Reigrimar
Enlouquecia pelo fato de não estar mais acostumado com tantas dissensões de costumes. Era tão eminente que tudo que se falava corria os quatro cantos da vizinhança. Era apenas um abraço que a notícia logo corria de certa gravidez a caminho. Parecia estar nos anos vinte com cobranças dos pais, avós e tios. Tudo parecia precoce ao extremo que sentir medo de fato era um alívio. Mentiras e intrigas jogadas aos impulsos da indiferença. Segredos desagregados aos que se confiam. Desmente a cara limpa, cospe no prato que comeu ou fazem uma tempestade num copo de água. Falas errado seu português medíocre a fim de assemelhar-se simples às custas de simples. Foi corrigido diversas vezes por aspirantes de cursinhos pré-vestibulares, para estudarem Direito. Tudo isso se implica a uma salada num prato separado e um saleiro com diversos grãos de arroz dentro.
Era meia-noite e a vida noturna parece ainda no começo. Prostitutas, travestis e mendigos tomam conta dos cantos da cidade. Viagem em meio a músicas e conversa alta. A fim de que somos capazes de nos acostumar com tantas coisas fora do lugar. O céu estrelado mostra o cruzeiro do sul e diversas três «marias». Camisa tem seu lugar ao ombro num calor noturno de 30 graus. E a conversa se arrasta noite adentro. Um grito sai dos pulmões a fim de emitir a vivacidade de estar vivendo tudo aquilo que sonhara. Resumir os parágrafos nessa mística conversa com os astros, pode parecer coisa de louco. Enfim se vê uma salada Russa, mais conhecida como batata com maionese chegando à mesa. Fazem cara feia. Por quê? Medo de salmonela? A mesa em forma de «U» faz com que todos almocem juntos e olhem uns para os pratos dos outros.
Mastigar conversa alheia, emitir opinião num sentido de não concordância. Jurar por deuses e santos. Crer no criador e dar dinheiro a empresários do ramo espiritual. Injustos e justos, ricos e miseráveis. A televisão e novos escândalos rutilam um jornalismo investigativo e denunciativo. Na propaganda as ofertas e promoções, se paga quase o dobro e leva um, com parcelas a perder de vista. O carnaval e mais uma semana de festas e viagens em estradas perigosas. Quantos serão os acidentes? As camisinhas e até pílula do dia seguinte já estão sendo distribuídas. Isso mais parece um bife contra-filé suculento de gordura. Uma bomba para intestinos acostumados com arroz integral.
Juntar tudo de bom e pensar nelas. Amizades e reencontros favorecem muito ao clima de um futuro. Se inspirar em quem se inspira em você. Correr toda a Avenida Paulista procurando a Ipiranga com a São João pra ver se Caetano tinha razão e perceber toda a potência do local no sentido amplo das constelações. Isso leva a crer no feijão com arroz do prato feito. E que quando tudo parece dar errado, mesmo a opção de almoço, podem acontecer coisas incríveis que não aconteceriam se tudo tivesse dado certo.
(*) Reinaldo Reigrimar, técnico em Comunicação Social com especialização em Jornalismo. Compositor e colaborador nas áreas de literatura, poesia e cultura. Organizador do livro Griffensaios.
Enlouquecia pelo fato de não estar mais acostumado com tantas dissensões de costumes. Era tão eminente que tudo que se falava corria os quatro cantos da vizinhança. Era apenas um abraço que a notícia logo corria de certa gravidez a caminho. Parecia estar nos anos vinte com cobranças dos pais, avós e tios. Tudo parecia precoce ao extremo que sentir medo de fato era um alívio. Mentiras e intrigas jogadas aos impulsos da indiferença. Segredos desagregados aos que se confiam. Desmente a cara limpa, cospe no prato que comeu ou fazem uma tempestade num copo de água. Falas errado seu português medíocre a fim de assemelhar-se simples às custas de simples. Foi corrigido diversas vezes por aspirantes de cursinhos pré-vestibulares, para estudarem Direito. Tudo isso se implica a uma salada num prato separado e um saleiro com diversos grãos de arroz dentro.
Era meia-noite e a vida noturna parece ainda no começo. Prostitutas, travestis e mendigos tomam conta dos cantos da cidade. Viagem em meio a músicas e conversa alta. A fim de que somos capazes de nos acostumar com tantas coisas fora do lugar. O céu estrelado mostra o cruzeiro do sul e diversas três «marias». Camisa tem seu lugar ao ombro num calor noturno de 30 graus. E a conversa se arrasta noite adentro. Um grito sai dos pulmões a fim de emitir a vivacidade de estar vivendo tudo aquilo que sonhara. Resumir os parágrafos nessa mística conversa com os astros, pode parecer coisa de louco. Enfim se vê uma salada Russa, mais conhecida como batata com maionese chegando à mesa. Fazem cara feia. Por quê? Medo de salmonela? A mesa em forma de «U» faz com que todos almocem juntos e olhem uns para os pratos dos outros.
Mastigar conversa alheia, emitir opinião num sentido de não concordância. Jurar por deuses e santos. Crer no criador e dar dinheiro a empresários do ramo espiritual. Injustos e justos, ricos e miseráveis. A televisão e novos escândalos rutilam um jornalismo investigativo e denunciativo. Na propaganda as ofertas e promoções, se paga quase o dobro e leva um, com parcelas a perder de vista. O carnaval e mais uma semana de festas e viagens em estradas perigosas. Quantos serão os acidentes? As camisinhas e até pílula do dia seguinte já estão sendo distribuídas. Isso mais parece um bife contra-filé suculento de gordura. Uma bomba para intestinos acostumados com arroz integral.
Juntar tudo de bom e pensar nelas. Amizades e reencontros favorecem muito ao clima de um futuro. Se inspirar em quem se inspira em você. Correr toda a Avenida Paulista procurando a Ipiranga com a São João pra ver se Caetano tinha razão e perceber toda a potência do local no sentido amplo das constelações. Isso leva a crer no feijão com arroz do prato feito. E que quando tudo parece dar errado, mesmo a opção de almoço, podem acontecer coisas incríveis que não aconteceriam se tudo tivesse dado certo.
(*) Reinaldo Reigrimar, técnico em Comunicação Social com especialização em Jornalismo. Compositor e colaborador nas áreas de literatura, poesia e cultura. Organizador do livro Griffensaios.
Comentários